Finalizando o primeiro dia do 6° Fórum Brasil África, o painel Cooperação Sul-Sul e Triangular para a Saúde e Educação foi moderado pelo Ex-Ministro da Saúde do Brasil e Consultor da Unitaid, José Gomes Temporão, que aproveitou o início de sua fala para destacar, entre outros pontos, o trabalho realizado em parceria entre Brasil, Cuba e Canadá, além de outros países da Europa, na reestruturação da rede de saúde do Haiti depois do terremoto de sete graus de magnitude ocorrido no ano de 2010.
Jorge Chediek, Diretor do Escritório das Nações Unidas para a Cooperação Sul-Sul, ressaltou que a cooperação não é apenas de governo para governo, mas inclui também o setor privado, a sociedade civil e acadêmica. Segundo o diretor, parte dos países desenvolvidos está acostumada a receber assistência e não dar assistência. “Estamos fazendo um esforço em nosso escritório para realizar uma parceria e identificar como podemos ajudar nesta Cooperação, para compartilhar as melhores práticas e duplicar os seus efeitos”, afirma. Chediek disse ainda que há muito que ser feito para permitir que a arquitetura internacional atual permita este modelo de cooperação.
Para Nísia Trindade, Presidente da Fundação Oswaldo Cruz, é preciso superar as condições de desigualdade para se pensar o desenvolvimento sustentável na Cooperação Sul-Sul. A gestora afirmou, citando alguns autores, que o subdesenvolvimento não é a ausência do desenvolvimento, mas um produto do mesmo. “Recentemente, a Agenda 2030 coloca o desenvolvimento como um direito humano e a erradicação da pobreza como condição para isso. A partir dessa visão do desenvolvimento sustentável, se coloca o tema mais forte da Cooperação Sul-Sul”. De acordo com ela, no caso da Fundação Oswaldo Cruz, a visão é voltada para a saúde global e para uma cooperação em bases horizontais, de troca entre os países. “O grande desafio é a sustentabilidade e continuidade dos programas. Um rio é uma boa metáfora para o Oceano Atlântico e são essas pontes que nós devemos buscar construir em um evento como este”, finalizou.
Maurício Cysne, Diretor de Relações Externas da Unitaid, explanou sobre a função da agência no fomento da inovação na área da saúde. O trabalho da Unitaid, segundo o diretor, não corresponde ao financiamento da pesquisa básica, mas sim ao trabalho em conjunto com a Fundação Oswaldo Cruz. “Nós não vamos conseguir superar o que existe de abismo no desenvolvimento se nós não tivermos os jovens do lado da oferta, utilizando tudo o que eles sabem em termos tecnológicos. Essa questão tecnológica cria uma ponte que transforma o Atlântico em um riacho”, pontuou Maurício Cysne.
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