6° Fórum Brasil África discute o emprego juvenil na agricultura, com foco na sustentabilidade e melhoria da segurança alimentar

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A primeira sessão da sexta-feira (23) do 6° Fórum Brasil África promoveu um importante diálogo entre Higino Marrule, Ministro da Agricultura e Segurança Alimentar de Moçambique; Yemi Akinbamijo, Diretor Executivo do Fórum de Pesquisa Agropecuária na África (FARA); Daniel Balaban, Diretor do Centro de Excelência Contra a Fome do WFP; Livio Vanghetti, Vice-Presidente de Parcerias Globais da Philip Morris International e Claus Reiner, Diretor Nacional no Brasil do Fundo Internacional para o Desenvolvimento da Agricultura (FIDA) da ONU, moderado pela jornalista sul-africana Bronwyn Nielsen.

Iniciando o seu discurso com uma alerta, o Ministro Higino Marrule citou a importância de se apostar em uma linguagem mais acessível com os jovens para tratar da temática da agricultura. Marrule assegurou que os programas educacionais em Moçambique estão sendo adaptados para as zonas rurais de acordo com o potencial de cada área. “É possível viver do agronegócio quando ele é bem estruturado. Quando interagimos com as outras forças da sociedade, é importante conhecer as dificuldades das pessoas e procurar, em conjunto, as possíveis soluções dos seus problemas”, declarou o ministro. O gestor afirmou que a agricultura sempre estará disponível para suprir as necessidades dessa juventude.

Yemi Akinbamijo reforçou a importância de se tornar a linguagem da agricultura mais atrativa para que os jovens possam entendê-la, fortalecendo o poder da ciência e da informação na área, sendo essencial focar em novas pesquisas. “O Brasil tem 200 milhões de habitantes, a Nigéria também. No Brasil, somente 6% da população está envolvida com a agricultura. O continente africano tem 70% do seu povo trabalhando no ramo. A questão é a seguinte: a agricultura é o que a África tem. A demonstração do poder da tecnologia está no Brasil, precisamos combinar esses aspectos e teremos um bom cenário”, pontuou.

Daniel Balaban chamou atenção para a importância de se manter as pessoas no campo. Segundo o diretor, quando o Brasil criou o programa Fome Zero, um dos pilares era investir nos pequenos fazendeiros, fomentando uma estrutura de demanda. “Minha função é dar apoio aos países africanos para que possam criar políticas sociais baseadas na alimentação escolar. A comida que vai para as escolas precisa vir dos produtores familiares”. Balaban afirmou que as pessoas no continente africano não têm interesse em permanecer na área rural por causa da carência de demanda dos produtos produzidos. Através da alimentação escolar, esta demanda poderá ser criada e isso trará benefícios para a educação, segurança alimentar, saúde e agricultura, visto que mais comida será produzida.

Outro ponto abordado por Daniel Balaban foi o relatório sobre segurança alimentar da ONU, mostrando que 821 milhões de seres humanos estão com fome no mundo. “Nós não temos tecnologia para combater a fome no mundo? O que precisamos é o comprometimento político para fazer isso. O mundo gasta um trilhão e meio com questões militares e, para acabar a fome, utilizamos apenas 1% dessa despesa. Isso é uma vergonha. Devemos investir dinheiro em tecnologia para apoiar os pequenos proprietários das fazendas e os pequenos produtores”, concluiu.

O Vice-Presidente de Parcerias Globais da Philip Morris International, Livio Vanghetti, destacou a importância do mundo digital para o campo. Segundo Vanghetti, a geração jovem dos países africanos deseja um negócio que seja auto-sustentável. “Nem tudo que eles aprendem, conseguem implantar. Se eu fosse do setor público, chamaria o setor privado e diria: o que o seu negócio pode fazer pelo meu país?”.

Claus Reiner, Diretor Nacional do FIDA, pontuou que o fortalecimento dos jovens na agricultura é o futuro. O desafio é tornar a vida da agricultura atraente para essa juventude, que anseia por novas funções no campo, atreladas à tecnologia.

Para Reiner, o setor privado deve se comprometer, gerando diversidade nas atividades e internacionalizando os produtos. Já os pequenos negócios, devem formar um panorama geral de economia que precisa ser mais dinâmico. “Cada país tem um negócio complexo que envolve muitas decisões. Os jovens querem encontrar novas respostas, querem ter um meio ecológico e sustentável de produção, vender coisas, ter uma renda”.

Claus Reiner afirmou, por fim, que a juventude deseja criar formas de negócios diferentes e precisa de apoio para isso, através do acesso ao mercado e às empresas. “Neste ponto, é fundamental o papel das gerações mais velhas, que podem promover essas oportunidades. É preciso abrir espaço para os jovens que estão criando novas ideias”, completou.

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6th Brazil Africa Forum - 1st panel November 23